quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A realidade do "faz-de-conta"

Cara amiga,

Sabes? Hoje lembrei-me do passado. Das nossas brincadeiras na casa das bonecas, das nossas partidas, das nossas zangas, das nossas alegrias, do brilho dos nossos olhos quando partilhávamos os nossos brinquedos favoritos... Enfim... Pode dizer-se que foram bons tempos. E como passaram depressa, não te parece? Ainda ontem estávamos a entrar para a escola, orgulhosas da nossa mochila com o triplo do nosso tamanho, a contar as novidades bombásticas das nossas férias, a apresentar-mos moralmente as várias pessoas que havíamos conhecido... Meu Deus, como já passou tanto tempo! Lembras-te de quando entrei no infantário eufórica a gritar que ia ter um irmão? Lembras-te da histeria no meu olhar? Lembras-te de me ouvir dias e dias inteiros a falar disso até ele nascer? E agora... Até ele já tem as suas próprias histórias para recordar... Não é estranho? Ah, lembras-te também dos meus aniversários? Em que eu corria até não poder mexer nem mais um cabelo? Lembras-te de quando fiz um galo ao meu primo? Ahah, passei o resto da noite encolhida no meu canto com medo da minha tia, :)
E daquela vez em que, na procissão da Senhora do Campo cheguei atrasada, lembras-te? O que chorei quando vi que me tinham roubado a personagem! E também houve aquela vez em que, depois de uma longa viagem, ficámos presos na neve, e passámos quase uma tarde a atirar bolas uns aos outros.
Tantas e tantas recordações... Por vezes gostaria de voltar atrás, só por um bocadinho, para relembrar o meu sorriso de infância. Era diferente, não era? Diz-me tu.
Já reparaste como é impressionante que não consigamos descrever em palavras os momentos que nos fizeram felizes? Poderia ficar aqui horas e horas à procura de palavras, e talvez só conseguisse construir algumas frases com "Lembras-te...", "Lembro-me...", "Quero lembrar-me..."... E tu ficarias a perceber o mesmo, não é verdade? :)
Pois bem, mais uma vez, tenho algumas coisinhas para fazer... E vou ter de me despedir. Mas sabes que, mais tarde ou mais cedo estarei de volta, por isso... Até lá.

Catarina

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