quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"Demasiado depressa"

Cara amiga

Tens toda a razão por me recriminares por nestes últimos tempos ter andado um pouco afastada, mas a realidade é que a vida passa tão depressa que acabamos por perder oportunidades de dispensar o nosso tempo com coisas que não sejam a escola, as atividades fora da escola... Acabo de me aperceber que a vida é mais curta que aquilo que alguma vez pudera imaginar. A minha adolescência está a escapar-me por entre as mãos, e por mais força que eu faça, ela escorrega de tal maneira que não a consigo agarrar! E olho pra trás e sinto que não vivi nada, que não tenho uma boa recordação para guardar, ou uma data especial para memorizar, ou até mesmo um bom momento que mereça ser contado... Não tenho nada bom que possa guardar desta fase da minha vida. E sinceramente, não é porque não me tenha esforçado, mas parece que o meu corpo foi sulfatado com repelente para as aventuras, para as verdadeiras emoções. Há muita coisa boa de que me lembro, e isso não posso negá-lo, mas não há nada que eu possa dizer: "fiz aquilo porque era a única altura da minha vida que podia fazê-lo! Não dei pelo tempo passar, e ele começa a escassear para viver uma verdadeira maluqueira, apaixonar-me loucamente por um ator do Twilight, ficar até às 5 da manhã a sacar vídeos do youtube... E tenho pena... Muita pena que a minha adolescência vá ser recordada unicamente pelos meus desvarios emocionais, as minhas birras e as minhas lágrimas. Minhas e dos outros, porque além de ter sofrido, também ajudei a fazer sofrer muito...
Compreendes-me agora? Entendes o porquê das minhas decisões? Percebes agora porque é que tento corrigir erros? Porque não quero lembrar-me de mim como a miúda parva e estúpida que fui até agora! Porque preciso de provar a mim mesma que sou capaz de fazer alguma coisa de jeito, que sei ser adolescente como deve ser. E o meu tempo escasseia cada vez mais. E tu olhas-me com esses teus olhos de sabedora recriminadora, e eu sinto cada vez mais que as tuas palavras fazem sentido, e isso só pode significar que estou a deixar de ser adolescente. Mas não quero! Não ainda! Preciso de viver tanta coisa ainda... Tanta! Entendes-me? Olha pra mim e diz-me que me entendes, por favor. Não quero sentir-me sozinha nesta decisão. Entendes?
Bem, mais uma vez despeço-me, com promessa de voltar qualquer dia. Não te vou prometer que vou ser rápida, pois não sei se vou. Mas apenas que vou voltar. Mais cedo ou mais tarde.

Catarina