segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Custa tanto...

Cara amiga

Hoje não vim cá falar de mim. Hoje quero, de um modo geral, relembrar uma pequena história que merece ser lembrada... Sabes qual é, não sabes?
Era uma vez uma mulher. Uma mulher jovem, casada e com dois filhos pequenos. Essa mulher era perfeitamente normal. Tinha um emprego, fazia pequenos part-times para ganhar mais algum dinheiro, pois todos sabemos que isto não está nada fácil, e com dois filhos em casa, parece que o tempo é sempre muito pouco para conseguir fazer tudo. Bem... Mas essa mulher tinha um problema que a incomodava um pouco: uma doença auto imune que lhe afetava o corpo com o aparecimento de úlceras, manchas e aftas. Nada de mais, não é verdade? Então, essa mulher deixou o tempo ir passando, pois não poderia ser nada problemático.
Um dia, enquanto passava a ferro, sentiu uma forte dor de costas, e posteriormente, de cabeça, que lhe limitou os movimentos por instantes. Decidiu então repousar por instantes. Mas a dor era insuportável. Tentou resistir ao máximo, mas quando se apercebeu que não podia debater-se mais, foi ao hospital, confiante de que um qualquer medicamento diminuiria o sofrimento. Mas não foi bem assim. Deu consigo na cama do hospital, observada por dezenas de médicos e enfermeiros, curiosos com aquela situação. Então, a mulher olhou para eles, para que tivessem misericórdia e lhe dissessem o que se passava.
Naquele momento, talvez aquela mulher quisesse voltar atrás, e esquecer o que ouvira. Uma úlcera no cérebro... Nunca tal houvera ouvido! No cérebro? Então e se... Não, não podia ser.
Foram dias de puro terror e pânico, as lágrimas eram as únicas aliadas naquele momento. Já nem o seu corpo lhe obedecia. Estava ali, indefesa, sem poder fazer nada, sem poder ver os seus filhos menores... E era neles que pensava todo o dia. Era por eles que lutava cada dia para controlar aquela dor, aquele sofrimento. E nunca mais passava. Chorava, tentava dormir para esquecer, mas nada resultava, nada! Mas não desistiu, não parou de lutar.
Assim que se viu em casa, abraçou os seus filhos, como se tivessem estado separados anos a fio... E ainda hoje trava uma luta incessante para vencer a morte... Tu sabes, amiga... Essa luta é para que possa acordar no dia seguinte e voltar a abraçar os seus filhos...
E nós? Lutamos para acordar um dia após o outro? Afinal, é uma coisa tão natural para nós, que nos esquecemos que um dia vai acabar! Parece tão ao nosso alcance, não é verdade? E será que nos lembramos destas pessoas quando estamos a negar alguma coisa que nos é dada com amor? Nem um bocadinho! Será que nos lembramos quando temos um desgosto com um dos nossos melhores amigos, e achamos que é o fim do mundo? Não, não lembramos... Mas devíamos, não te parece? Devíamos pelo menos lembrar-nos nestes pequenos momentos. Porque tu, vida, és demasiado curta. Permaneces muito pouco tempo num mesmo corpo... Mas consegues trazer tanta e tanta coisa...
Para que nos lembremos destes casos de heróis... Talvez um dia nos lembremos de nos lembrar deste pequenino texto, não é verdade?
Até lá...

Catarina

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A realidade do "faz-de-conta"

Cara amiga,

Sabes? Hoje lembrei-me do passado. Das nossas brincadeiras na casa das bonecas, das nossas partidas, das nossas zangas, das nossas alegrias, do brilho dos nossos olhos quando partilhávamos os nossos brinquedos favoritos... Enfim... Pode dizer-se que foram bons tempos. E como passaram depressa, não te parece? Ainda ontem estávamos a entrar para a escola, orgulhosas da nossa mochila com o triplo do nosso tamanho, a contar as novidades bombásticas das nossas férias, a apresentar-mos moralmente as várias pessoas que havíamos conhecido... Meu Deus, como já passou tanto tempo! Lembras-te de quando entrei no infantário eufórica a gritar que ia ter um irmão? Lembras-te da histeria no meu olhar? Lembras-te de me ouvir dias e dias inteiros a falar disso até ele nascer? E agora... Até ele já tem as suas próprias histórias para recordar... Não é estranho? Ah, lembras-te também dos meus aniversários? Em que eu corria até não poder mexer nem mais um cabelo? Lembras-te de quando fiz um galo ao meu primo? Ahah, passei o resto da noite encolhida no meu canto com medo da minha tia, :)
E daquela vez em que, na procissão da Senhora do Campo cheguei atrasada, lembras-te? O que chorei quando vi que me tinham roubado a personagem! E também houve aquela vez em que, depois de uma longa viagem, ficámos presos na neve, e passámos quase uma tarde a atirar bolas uns aos outros.
Tantas e tantas recordações... Por vezes gostaria de voltar atrás, só por um bocadinho, para relembrar o meu sorriso de infância. Era diferente, não era? Diz-me tu.
Já reparaste como é impressionante que não consigamos descrever em palavras os momentos que nos fizeram felizes? Poderia ficar aqui horas e horas à procura de palavras, e talvez só conseguisse construir algumas frases com "Lembras-te...", "Lembro-me...", "Quero lembrar-me..."... E tu ficarias a perceber o mesmo, não é verdade? :)
Pois bem, mais uma vez, tenho algumas coisinhas para fazer... E vou ter de me despedir. Mas sabes que, mais tarde ou mais cedo estarei de volta, por isso... Até lá.

Catarina

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Todas as coisas já foram ditas, mas como ninguém escuta é preciso sempre dizer de novo"

Cara amiga,

Como pudeste reparar, estou de volta. Talvez não suportasse muito tempo sem qualquer coisinha para escrever. E na verdade, sinto que isso, seria deixar de contar-te as novidades, os problemas, as alegrias, as tristezas... E nem tu nem eu sairíamos a ganhar, não é verdade?
Já sentia um bocadinho de saudades tuas, tenho de admitir. Os nossos caminhos cruzaram-se há muito, muito tempo, e seria uma injustiça eu deixar-te por algumas adversidades, não é verdade? Mas... sabes? Precisava de mudar-me, de sentir-me numa nova casa, de ter a certeza que o passado ficaria completamente para trás, para que não voltasse a afetar-me. Mas tu sabes disso tudo, não é verdade? Aliás, tu sempre soubeste tudo! Porque estás cá há tanto tempo, que já nem preciso proferir o mínimo sussurro para que me entendas! Um dia destes encontramo-nos para lanchar, tomar um café, ou apenas para ficarmos a olhar uma para a outra... Para que possamos, finalmente decorar as feições uma da outra, e tratarmo-nos por amigas... Eu sei que és minha amiga, mas... Tenho saudades tuas, sabes?
Ah, ainda não te contei, mas descobri muitas coisas novas em pouco tempo. Vais ficar surpreendida, quando te disser! Orgulhosa, talvez! Mas isso fica para outra altura. A verdade é que estou um bocadinho cansada, e precisava de encostar a cabeça durante alguns minutos, para que possa recuperar energias. Para que possamos voltar às nossas brincadeiras. Lembras-te? Já fomos tão felizes...
Bom, fica então descansada, que comigo está tudo bem. Não te percas mais uma vez nesse teu mundo de fantasia, e não te esqueças. Estou de volta! :)
Vamo-nos vendo por aí.

Catarina