segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Gosto tanto, tanto de ti *.*


"Preciso de saber de ti, mais do que preciso de ti. Não aguento, sabes? Não saber por onde andas, o que te move, a quem te dás e por onde te deixas. Imagino que por vezes te movas bambo, trémulo, por entre a tristeza e a esperança, por entre o desgosto e a euforia, mas nem disso tenho a certeza: suponho-te, quase tanto quanto te amo. Nos dias ímpares, duvido-te. Sei que por aí já se sente o degelo e que a Primavera amolece os corpos e tinge de turquesa o mar, embora pressinta que não repares nisso, ocupado que estás em amesquinhar as coisas. Dói-me o corpo e estranho-me; és uma transfusão do tipo errado de sangue, ou do tipo de sangue certo mas a circular ao avesso: entras-me por artérias e sais-me por veias, pirateando-me as intenções e deixando-me num desnorte de náufrago, porém centrífugo: e eu deixo-te, e vou rapidamente ao fundo e a pique. Há um travo cómico na desmesura com que não estamos, uma dimensão teatral que polui a realidade e exacerba a distância (de continentes afinal, apesar de tão poucos, os quilómetros). Ardo por ora numa combustão sem propósito, investindo a tristeza húmida contra as almofadas, empurrando com raiva o lençol para o fundo da cama. Há um rancor que me rói a pele e me estraga os planos, a cada vez que me lembro do limbo em que te moves, da insegurança pantanosa onde às vezes te afundas, e de como num ápice fazes tábua rasa de tudo o que ficou para trás, ainda ontem éramos felizes. Dá-me medo de que não mudes nunca, de que um dia sejas só frases de guerra e de que, ao invés, me mudes a mim cada vez mais. Enquanto isso eu aqui, líquida desfeita, a gerir a saudade e o rancor em partes iguais, expectante e mal-resolvida. Não aguento, sabes? não saber por onde andas, trémulo bambo, mendigo e eufórico, trágico e inseguro, meu sangue, minha vida."
                                                                                                                             Ana Patrícia Oliveira

Obrigada, sabes como gosto de ti minha pequena!
Catarina

domingo, 11 de dezembro de 2011

"Está a voltar..."

Cara amiga,

Questiono por diversas vezes a origem de tudo e de qualquer coisa. Aponto o dedo e bato o pé com toda a razão do mundo. Sim, porque sou eu quem sabe de tudo. Porque está escrito e assinado por entidades superiores que, qualquer que seja a situação, a razão tem de estar do meu lado. Porque eu é que importo, e os outros não. Porque estou no meu direito de explodir e magoar qualquer pessoa que se aproxime de mim, ainda que seja para me dar a mão e me indicar a saída para o problema. Não importa... Nada importa! E esta cabeça teimosa que não obedece à minha vontade, mas apenas ao meu impulso...
Não sei mais o que fazer. Ajudas-me? Dás-me, por favor, por uma vez que seja, a indicação certa do que devo ou não fazer? Eu não suporto mais ter esta idade, nem esta consciência imatura e ridícula, que só me faz fazer figura de parva de cada vez que abro a boca ou dou um passo em frente! Eu preciso que te imponhas de uma vez, que te apercebas que os meus esforços são, cada vez mais, em vão. Por favor... Imploro-te!

Catarina